domingo, 23 de novembro de 2008

Entre Nós

Lembra quando eu te falei do meu medo? Medo de que fosse só um desejo, coisa passageira. Confesso que fiquei feliz em ouvir um "o meu também". Mas hoje, depois de um certo tempo e depois de ter visto aquela cena, pude ver que o meu medo já não era mais o "seu também".


Eu não podia acreditar no que estava vendo, minhas pernas tremeram e meu coração bateu mais forte, só que dessa vez não era mais por paixão. Meu chão se abriu, mas por baixo, e logo abaixo, outro me segurou. A isso dá-se o nome de mágoa. Não desejo esse sentimento a ninguém, por ninguém. Não é tristeza ou chateação, é mais intenso que isso. É uma decepção sublime, tão forte que assim que te derruba, levanta fração de segundo depois.


Quando a chama é assoprada com cuidado, vira fogueira, incêndio. Mas se assoprar rápido demais, essa chama se apaga com a velocidade do sopro, restando do brilho e do calor a sombria e desagradável textura da fuligem.


Infelizmente foi assim. Você foi minha chama de vida, meu brilho que sustentava a alegria de dizer bom dia e que agora se foi. De todo o seu brilho me resta agora a vasta e obscura fuligem da indiferença.


(Paulo Spachi)

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